19 de março - Dia do Pai



Há pessoas e há momentos que nos marcam. Neste Dia do Pai, o texto da Eva, escrito no âmbito da disciplina de Português, é uma prova de que os ensinamentos transmitidos pelas pessoas de quem gostamos perduram.



Primeira Tentativa



    Esta história não é feita de palavras, é feita de coração. É uma história sobre o meu pai. Podes achar este um tema muito banal, mas tem uma razão: ter um pai é ter algo especial. O meu pai sempre me apoiou. E recordo especialmente bem o dia em que construiu o meu primeiro arco.

    Vou contar-te como aconteceu.

    Há cerca de quatro anos, o meu pai levou-me a um “terreno baldio” para aprender a disparar com o meu novo arco que havia construído com um ramo de marmeleiro.

    Eu disse arco, mas, terei dito flechas? Não, não as referi até agora por uma razão simples: não fizemos flechas!

    Então, ele decidiu que iríamos começar do zero e com 7 anos iria construir o meu primeiro arco, e desta vez com flechas.

    Demorou muito tempo e o esforço foi tremendo, o que cabia ao meu pai era tudo o que envolvia cortar; de resto fiz tudo sozinha.

   Passámos então ao treino. Não acertei em uma única laranja.(Ah, sim! O meu pai sempre foi um pouco sovina e aproveitou-se do facto de estar abandonado para fazer cair as laranjas do terreno com as flechas, e, assim se arranja laranjas de graça!).

    - Pai! Nunca hei de conseguir! É mesmo impossível! - exclamei revoltada.

    - Vais conseguir, vais! Não tínhamos arco nem flechas e tu conseguiste fazê-los a partir daqueles ramos. Improvisa, sê criativa e ultrapassa cada barreira como só tu consegues. Descansa um pouco, bichinho! – retorquiu sabiamente o meu pai como sempre faz.

    Vi-me debaixo de uma árvore a descansar. Vi-me a voar como os corvos e as pombas. Vi-me a correr com os linces. E depois desta inspiração animal, levantei-me e continuei.

    No fim do dia sempre furei duas laranjas, que, para desgosto do meu pai, não caíram.

    Agora, mesmo que viva numa corda bamba, sei que o meu pai é a rede que me protege e guia se eu cair.

    E, disse-me este homem sábio que a vida tem dois lados e eu, não vivo em nenhum deles. Vivo como só eu sei, mas para isso há que ultrapassar as barreiras do lado mau com criatividade e aceitar as oportunidades do lado bom, mas pensando sempre à minha maneira, pois só assim sou independente. E ser independente, não é só à primeira tentativa.



Eva Vilhena Nº14 6ºG, 11/03/2015