Quando comecei a ler, o fascínio invadiu-me!



Sexta-feira, 8 de maio de 2015
Hey!
Acho que sempre quis ter um diário; no entanto, a saudação é um problema para mim. Por agora, vai ser “Hey!”.
Gostava que pudesses falar comigo, porém és apenas fruto da minha imaginação. Talvez um dia sejas real.
Enfim, estou a escrever-te isto, ou a escrever-me, ainda não sei bem, porque queria partilhar isto com alguém.
Quero partilhar uma sensação indescritível, um momento marcante. Ler.
A leitura, nem acredito que tanta gente a deteste.
Lembro-me da primeira vez que peguei num livro para conseguir ler. A primeira coisa que fiz foi ver a capa, admirada. Cheirá-lo; por alguma razão, os livros cheiram sempre bem, devias experimentar. O odor que me invadiu, o toque das folhas, a marca do texto… Era tudo tão emocionante, sem uma palavra lida, já me encontrava num novo mundo.
Se nunca leste um livro, não tenhas pressa para a leitura. Degusta todos os momentos e só depois abre o livro, com calma, folheia-o devagar e depois abre na primeira página, começa a ler.
Quando comecei a ler, o fascínio invadiu-me! Queria ficar ali eternamente, talvez até mais se isso fosse possível. Momentos após começar, já ia a meio. Terminei o capítulo, não gosto de parar de ler a meio, e fiz uma breve pausa para pensar no que tinha lido.
Se até agora te descrevi as coisas boas, prepara-te para a desilusão, algo inevitável, ou quase, num livro. O pensamento “O que faço agora?”
Eu pensei que o livro ia acabar. Aquele momento de prazer iria terminar em breve e o que faria eu depois? O que iria ler que superasse a sua beleza, não só estética? Duvidava que existisse algum livro à altura.
Foi aí que comecei a ler mais lentamente; queria aproveitar cada palavra antes de acabar.
Ainda hoje isso acontece, mas sei que há imensos livros, mais do que os que alguma vez conseguirei ler. Por isso, devo aproveitar enquanto posso ler, não ler depressa demais, aproveitar.
Será que conseguiste entender? Caso sejas fruto da minha imaginação, sei que entendeste, porque é assim que crio. Alguém que compreende os outros.
Talvez sejas real e sejas o oposto do que eu penso, talvez até estejas mais perto do que qualquer outra coisa e eu apenas não veja. Por agora, vou simplesmente despedir-me. Mais tarde eu procuro-te.
Até depois,
Reika

Texto: Ana Patrícia Sequeira, 8ºC

Texto realizado no dia 8 de maio de 2015, num teste de Português O tema era: “Durante mais de dois anos, Anne Frank registou as suas experiências, os seus pensamentos e os seus sentimentos num diário. Redige também tu uma página de um diário onde relates algum acontecimento marcante para ti, bem como a forma como o viveste.”

Foto: LR, Jornal Moliceiro