8 de março, um dia maravilhoso
É Maria, como muitas mulheres portuguesas da sua geração!
É mãe de dois filhos.
É avó de alguns netos.
É amiga da minha mãe desde que me conheço por gente.
É uma mulher que nasceu no dia 8 de março, Dia da Mulher, e festejou este ano o seu septuagésimo
aniversário.
Viúva há quase dois anos, vítima de violência conjugal
durante quase 30 anos (os mesmos que o marido demorou a livrar-se do vício do
álcool), Maria decidiu este ano celebrar este número redondo convidando duas
amigas de infância para almoçar com ela num restaurante, uma vez que nem filhos
nem netos se mostraram disponíveis.
Infelizmente, uma das amigas adoeceu e a outra, a minha mãe,
avó muito presente na vida dos seus netos mais novos, não pôde ausentar-se de
casa.
Telefonei a Maria, no final da tarde, para lhe desejar um
feliz aniversário e perguntei-lhe se tinha tido um bom dia de anos.
Respondeu-me que estava no autocarro, de regresso a casa, e
que o dia tinha sido MARAVILHOSO! A sua voz transpirava felicidade e
entusiasmo!
Almoçara em casa da minha mãe, com toda a gente que por lá
costumam almoçar às quartas‑feiras.
Acabada a conversa com Maria, telefonei à minha mãe, curiosa
por saber a que se devia tanta felicidade. O menu foi banal, a minha irmã acrescentou
à ementa do dia uma sobremesa.
No final da refeição surpreenderam Maria com um bolo de
aniversário e cantaram-lhe os parabéns, como é normal lá em casa. Foi o seu
primeiro bolo de aniversário e o seu primeiro coro de parabéns! Aos 70 anos!?!
Ao telefone, com a minha mãe, emocionámo-nos por, com tão
pouco, se conseguir criar uma tão desmesurada felicidade. Nunca tínhamos pensado
que o que damos por garantido: família reunida, bolo de aniversário, “Parabéns
a Você”… estivessem ausentes da vida de alguém tão próximo de nós e com quem
convivemos há já tanto tempo.
Esta história podia ser ficção… Infelizmente é uma história
real!
Profª Ermelinda Alves