25 de abril de 1974



25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Nome das Coisas





Avivar a memória

   A revolução do 25 de abril de 1974, conhecida também pelo nome de “Revolução dos Cravos”, é a designação dos acontecimentos ocorridos no dia 25 de abril de 1974, em Portugal, que puseram fim à ditadura que dominara o país desde 1926.

   A revolução foi organizada por militares, descontentes com a guerra que Portugal mantinha nas suas colónias em África, desde o começo dos anos 1960.  Esta revolução, apoiada pelo povo, durou cerca de dois anos e modificou as estruturas do país em todos os domínios: político, económico, social e cultural. 

   A particularidade desta revolução está no facto de não ter dado origem a um regime autoritário. Com efeito, os militares tinham um projeto democrático: a criação de um governo não militar, a organização de eleições livres e a descolonização. O fim do “Estado Novo”, nome do regime ditatorial de António de Oliveira Salazar, permitiu ao país sair do seu isolamento e desenvolver-se em todos as áreas. 
   A educação deixou de ser destinada apenas aos mais favorecidos, sendo instituído, em 1986, o ensino básico obrigatório, com a duração de nove anos (atualmente tem doze). Em 1979, foi criado um Serviço Nacional de Saúde, permitindo um melhor acesso aos cuidados de saúde.

   No dia 25 de abril de 1974, foram legalizados os partidos políticos e um ano depois realizaram-se as primeiras eleições livres. Em 1976, foi eleito o primeiro Presidente da República escolhido pelo povo (Ramalho Eanes). 

   A partir do dia 25 de abril, os portugueses puderam ouvir todas as canções, ler todos os livros e ver todos os filmes antes proibidos. Foi legalizado o divórcio e as mulheres puderam votar pela primeira vez desde 1911. A partir desse dia, todos puderam finalmente exprimir a sua opinião livremente, sendo eliminada a censura (nos jornais, nas escolas, nas empresas, nas editoras, nas rádios, nos teatros, nos cinemas, nos espaços públicos.) Foi extinta a polícia política de Salazar, a PIDE-DGS, que tinha tentáculos por todo o país e que, devido à instauração de um clima de medo generalizado, tornara possível manter a ditadura durante quase meio século.   

   O dia 25 de abril de 1974 foi realmente “o dia inicial inteiro e limpo onde emergimos da noite e do silêncio”. 

Texto e foto: LR/Jornal Moliceiro